24 fevereiro, 2010

O regresso do tema da independência na Junta



Sobre o post anterior, referente à constituição da nova Junta, há uma pequena parte de um comentário a si relativo que merece destaque por pisar em cima da ferida que mais faz doer na actualidade: a incapacidade e falta de vontade dos partidos para resolverem os problemas das populações.

Os partidos, sobretudo os partidos maioritários, estão dominados por carreiristas que apenas olham aos interesses pessoais e, através destes, para os ungidos do dinheiro donde lhes escorrem as benesses pelos favores prestados. A política, como arte administrativa da vida humana e consolidação do progresso, não tem registo nas suas memórias nem lhes estimula as batidas cardíacas em ânsias de trabalho. Esperar desta gente entrega ao bem comum é o mesmo que esperar de um grupo de hienas esfaimadas que deixem pastar em paz um luzidio e gordo veado à sua volta. A natureza predadora destes fura-vidas obriga-os a meter o dente em tudo o que é carne viva. É o instinto indomável e indomesticável. É a natureza selvagem em toda a sua glória bravia. Alguns destes exemplares dão excelentes animais de circo (atente-se nalguns nomes que fazem o êxito de bilheteira dos media), o resto da manada constitui a fauna política típica desta mata dos confins da Europa. Estas razões, que outras acrescem para nossa desgraça, são suficientes para bradar aos céus:
- Partidos, puta que os pariu!

Eis-nos chegados ao ponto nevrálgico da questão colocada pelo emérito comentador do post, que disse: “Por isso, caso isto dê para o torto, (constituição da Junta de Freamunde) peço a todos Freamundense que pensem seriamente em constituir uma lista independente, porque ninguém mais vai acreditar em partidos!”

O último post da “Revolta dos Capões” intitulado “Independência” e ao qual se seguiu um silêncio que gostaríamos de ver interrompido o mais breve possível, aborda este assunto com dezenas de comentários, alguns bastante inflamados. A primeira série deste blogue também publicou um post intitulado “Junta Independente de Freamunde” com propostas públicas para a formação de uma lista concorrente às eleições autárquicas de Outubro e uma Declaração de Princípios, substância para a sua acção e regras de conduta e objectivos. Se não deu efeito imediato poderá ser a semente de um processo cívico a desencadear atempadamente para lhe garantir o sucesso, se acaso houver freamundenses que lhe dêem corpo e pensamento.

Entretanto, é necessário muito cuidado, pois o letreiro de independência, só por si, não dá qualquer garantia, em caso de vitória da lista independente, da constituição de uma Junta democrática. A este propósito, citamos a “Revolta dos Capões”: “Recordo-me da última lista independente que surgiu (e venceu!) em Freamunde. E, de repente, o entusiasmo passa-me...”

Não há, de facto, uma cultura de independência política, porque a sociedade ainda permanece numa situação de grandes disparidades sociais. A luta de classes é uma terrível realidade do dia-a-dia. Há uma luta de interesses económicos e sociais que desvirtuam as boas intenções de todos os lados relativamente ao rumo do progresso da terra. Apesar desta enorme contrariedade, é possível juntar gente diversa com honestidade moral e porte cívico de amplitude comunitária para fundir em projecto de todos os freamundenses a transformação da povoação que somos em cidade.
Não é fácil.
Exige bastante cérebro e muito mais coração. O sentimento é o sangue que irriga as ideias. Acreditamos que há sentimento suficiente, em Freamunde, para alimentar as melhores ideias de desenvolvimento urbano. Basta libertá-lo das amarras que o prendem ao paredão do medo, lhe imobilizam os movimentos e lhe sufocam a audácia.

A velha rádio “Inovasom”, que o saudoso Fernando Santos, seu colaborador, que partiu desta vida sem o nosso acordo, não interpretou o nome como neologismo e escreveu um delicioso artigo no “FREDEMUNDUS” a portugalizar, gramaticar e ironizar a sua grafia, mereceu dois comentários saudosistas, um deles a prometer voltar ao assunto em breve. Oxalá que sim. Para tão meritória tarefa oferecemos todos os quilómetros quadrados de espaço que necessite. A coluna esquerda do blogue inicia-se com o nosso endereço de email. Se quiser postar já sabe para onde enviar. Se não quiser, o albergue espanhol dos comentários acolhe tudo e mais alguma coisa. As portas estão escancaradas de dia e de noite. Aliás, as nossas portas não têm fechaduras. Somos Freamunde livre nas ideias e no trânsito das opiniões. Aqui a GNR não aplica multas. O trânsito das opiniões faz-se à direita e à esquerda, à vontade de cada um e sem limite de velocidade. Quem gostar de opinar que opine, sobretudo com a língua que é o órgão com maior aptidão opinativa.

Freamunde Livre



2 comentários:

  1. Começo este comentário por dizer: eu não alinho em partidos, contudo acredito que há pessoas de muito valor em todos os partidos, mas o facto de estarem nesses partidos faz deles reféns de ideais e de influências que são às vezes contrários às necessidades do povo. Portugal necessita, como disse há umas semanas no meu blog, de pessoas que não percebam nada politica e de partidos, pessoas livres, que possam agir em conformidade com as necessidades e valores. Mas infelizmente a nossa democracia facilita a vida ao partidários, e dificulta o acesso aos apartidários! Freamunde, a minha terra de sempre, vive em sobressalto político desde que se soube os resultados das eleições legislativas, e acredito sinceramente que caso não existissem partidos, talvez já se tivessem entendido! Querer o melhor para Freamunde não pode ser factor desagregador, mas sempre de união! Reconheço que este discurso soa um pouco a utopia, mas se não sonharmos com a perfeição, nunca alcançaremos uma realidade melhor. Sei perfeitamente que não sou dono da verdade, e que muitas vezes sou possuidor de engano e de erro, mas o evoluir da sociedade faz-me sentir que todo o sistema democrático tem o seu futuro nas pessoas que não sabem politicar. E não digo isto procurando para mim algum beneficio futuro, porque primeiro não tenho o dom da palavra e segundo porque não tenho alma de líder, mas acredito que como eu, existem muitas outras pessoas que não acreditam em partidos, e outras que estando em partidos irão perceber que estes não espelham a sua alma, e destas pessoas irão sair os novos lideres, os lideres da integridade!

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  2. Nasceu:

    http://4590freamunde.blogspot.com/

    e com ele nasce uma nova dimensão de Freamunde!

    Viva Freamunde!

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