01 maio, 2010

25 de Abril



Esta data, provavelmente a de maior significado simbólico do século XX, está reduzida ao saudosismo dos mais velhos e ao feriado para os mais novos.

Quem viveu este dia não o esquece mais. Explicá-lo em palavras não é possível. Uma singularidade do género big-bang que criou um universo novo com galáxias de sonhos; galáxias de fraternidades; galáxias de cooperação humana; galáxias onde a Declaração Universal dos Direitos do Homem é a lei fundamental; galáxias onde o pensamento, a razão, a igualdade e a justiça têm o primado na organização social; galáxias onde os talentos de cada um têm no colectivo as ferramentas do seu trabalho.

O 25 de Abril foi a eclosão de um universo novo.

As palavras, todas as palavras juntas são apenas um átomo desse universo. Quem viveu esse dia viveu todos os dias do tempo passado e futuro. Descrever esta imensidão está para lá das palavras, mas não está a sua apreensão pelo espírito humano, que em si mesmo, é o universo em tomada de consciência da sua existência e complexidade.

Quem viveu o 25 de Abril pode dizer que viveu, que sentiu a vida na sua intensidade máxima de brilho. Esta certeza é-nos dada por contraposição com este presente mortiço, em desagregação económica e social, tendo por epicentro da crise um sistema económico e político devastador da Natureza e da sociedade humana.

A contradição que a racionalidade da ciência e da tecnologia estabelece com a exploração económica das suas descobertas e invenções, exploração baseada num sistema irracional que está a eliminar, uma após outra, as condições de vida na Terra, é o elemento fundamental para rejeitarmos este sistema rápida e completamente.

O capitalismo entrou na fase absurda da sua relação com a realidade. Não resolve, não convence, não tem soluções. O capitalismo é uma força cega, uma virulência descontrolada que ataca as condições existenciais das pessoas e a própria essência da vida. Na fase actual do desenvolvimento das actividades humanas o capitalismo, como sistema económico e político, é um desajuste total. As capacidades produtivas nas áreas intelectuais e materiais alcançaram patamares superiores, condição que obriga a um controlo social da produção intelectual (bens do pensamento e da inteligência), e material (bens de consumo, de uso e outros resultantes do trabalho humano). A socialização da economia é inevitável, mesmo que cem prémios Nobel da Economia, liberais por convicção ou por interesse, digam o contrário. Não haverá sociedade humana sem mudança de sistema económico e político. Não há gestão equilibrada dos recursos naturais na sua exploração e gasto, na sua reprodução e reciclagem em conformidade ecológica fora de um sistema socialista. A Humanidade tem de optar pela sua continuidade ou pelo seu fim, pela racionalidade ou pela estupidez, pelo capitalismo ou pelo socialismo. A Natureza está a advertir-nos, cada vez com maior violência, da sua repulsa e do nojo que lhe dá o capitalismo. Os avisos chegam todos os dias, depende de nós ouvi-los ou ignorá-los. A cobardia leva-nos para a vala comum, a luta abre-nos o futuro com condições de vida dignas para todos.

Esta questão da opção, numa escala menor, põe-se em Freamunde relativamente à sua autarquia, como se pôs a Portugal há trinta e seis anos relativamente ao seu Governo. Há trinta e seis anos, as Forças Armadas e o Povo derrubaram o regime ditatorial que durante meio século oprimiu Portugal e lhe impediu o desenvolvimento económico, social e cultural. Hoje, coloca-se ao povo de Freamunde uma acção semelhante com o derrube da ditadura do PSD, que de igual modo, tem impedido o desenvolvimento de Freamunde.

O PSD é um partido alheio a Freamunde pela sua própria natureza e pelo seu coração pacense. Freamunde, com o seu desenvolvimento industrial, pioneiro no concelho e elevada concentração operária, criou um espírito de esquerda que elegeu, nas primeiras eleições autárquicas democráticas, uma Junta comunista, perdão, proposta pelos comunistas, verificado que foi, mais tarde, que o presidente de Junta eleito traiu a confiança nele depositada e passou-se para o PSD. As negociações da transferência só o PSD as conhece. Se este partido quiser divulgá-las a história ficará grata.

Anos volvidos, Freamunde acumula energias para a sua emancipação e leva à Assembleia da República a pretensão de se constituir em concelho.

Fracassou.

Um fracasso com pesadas responsabilidades para o PSD e autarcas freamundenses ligados umbilicalmente a este partido.

O PSD possui apenas uma percentagem muito pequena de freamundenses ideológica e socialmente seus consanguíneos. Não é um partido com raízes nesta terra e muito menos a encarnação do espírito sociável e popular do povo de Freamunde que se irmana na alegria e na tristeza, na fartura e na miséria. O PSD é um partido elitista, um partido das castas burguesas e aburguesadas sem terra, sem pátria, sem sentimento de ligação aos outros, sem olhos humanos para ver as necessidades e os interesses colectivos. A sua acção continuada na Junta tem contribuído para o descalabro económico de Freamunde, mas, pior que isso, tem tingido de negro a alma do povo e extinguido a sua chama bairrista. Freamunde morre um pouco todos os dias. Perde cor, perde movimento, perde relacionamento, perde vontade de se alimentar, perde vontade de existir, tudo por acção do poder autárquico do PSD.

A estagnação de Freamunde é total. Está inacreditavelmente pior que há trinta e seis anos. Está a dobrar-se sobre si próprio, ficando mais pequeno por cada dobra que faz.

Parar.

Colocar stops por todo o lado ao Poder vigente: Junta de Freguesia, e desencadear uma revolução que inverta este processo aniquilador. Esta é a tarefa que os freamundenses vivos têm pela frente e no imediato.

Que os mortos não necessitem ressuscitar para fazer aquilo que os vivos não são capazes.

Não temos o direito de perturbar o sono eterno dos que nos antecederam, nem estamos autorizados a permitir o apagamento das suas pisadas e o derrube das suas obras.

O povo de Freamunde existe nas três dimensões do tempo: passado, presente e futuro. Estamos a perder o passado; o presente não mexe e o futuro cortou-nos o seu endereço, proibiu-nos a comunicação. Freamunde está em risco de extinção.

Uma revolta popular contra a Junta de um só elemento e contra o PSD, partido intolerante e oportunista que a sustem, e a favor da instauração de um Poder Autárquico democrático com o emposse de funções dos restantes 13 eleitos de 11 de Outubro são as tarefas imediatas do povo de Freamunde em defesa da sua história, em defesa do direito à construção da sua cidade, em oferta generosa da sua contribuição para um mundo melhor.

Todos num grande movimento popular por Freamunde - cidade do futuro – pelo Progresso, pela Democracia, pela Fraternidade, pela Justiça, pela Igualdade!

Freamunde Livre

8 comentários:

  1. Há um site que traz notícias sobre Vereadores e Câmaras. Eu me cadastrei e recebo notícias diárias o site é www.vereadores.net.

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  2. “Freamunde Livre” é um blogue aberto e tem, por único objectivo, o debate político sobre a realidade freamundense nas áreas autárquica e social.

    É histórico que os locais de debate eram as antigas tascas e mais recentemente, os cafés e bares. Nestas assembleias tudo se discute e nada se faz. Tranquilizam-se as consciências com o sagrado remédio do desabafo, acusam-se os poderes, mata-se e esfola-se meia dúzia de incompetentes e vai-se para a cama dormir o sono do justo, o sono tranquilo de quem cumpriu todos os deveres. Entretanto, cá fora, as coisas pioram dia após dia, mas isso não tem a ver com nós, que até na noite anterior denunciamos os erros e apresentamos soluções geniais. É esta merda de debate que se faz em Freamunde e por aqui cessa a intervenção política.

    Os resultados estão à vista, mas ninguém vê, porque está tudo cego. Para cúmulo desta desgraceira, aparece-nos uma Junta de um só elemento a dizer que vai até ao fim do mandato e está-se nas tintas para o que digam. Isto só pode acontecer numa terra doente, ou numa terra de cobardolas, ou numa terra de imigrantes. Que está a acontecer, está!

    Freamunde não tem um jornal de publicação regular que sirva de plataforma ao debate dos problemas locais. Na blogosfera freamundense, o único blogue actual direccionado para a discussão política é o “Freamunde Livre” que não tem sido utilizado de forma eficaz pelos comentadores. A direita, desinteressada que está no debate, tem movido alguns ataques ao blogue e procurado esvaziar a sua utilidade e neutralizar a sua acção com comentários de arrepiar o Satanás. A esquerda faz alguns elogios mas não assume o combate. Esta é a imagem de Freamunde.

    Se houver por aí algum sociólogo que queira, gratuitamente, que o blogue está teso de massas, avançar com uma explicação deste comportamento, agradecemos.

    Para animar a festa não possuímos os euros necessários à sua alegria. Não podemos pagar o espectáculo de um debate travado com ardor que faça as delícias dos nossos visitantes. Se houver por aí alguém que esteja disposto a dar show gratuitamente, no final compensaremos com uma garrafita de champanhe.

    Finalmente, se houver alguém em Freamunde, que dê sinal de vida!

    Freamunde Livre

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  3. O Sociólogomaio 03, 2010

    1º o senhor está doente!

    2º Freamunde está morto... porque os senhores da política, como você, mataram Freamunde!

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  4. PSD, PS, PCP, PP = ladrões

    tudo a mesma corja, só pensam neles e estão-se a borrifar no povo

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  5. Onde está a comissão de Freamunde a Concelho?

    Em que ponto está a situação?

    vocês atiram-se todos à junta, mas não vejo ninguém atirar-se a esses gajos que nos andaram a enganar. PS e CDU é tudo a mesma trampa

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  6. Tens razão, trampa é de cor laranja.
    È preciso ter lata.
    DESAPARECAM.

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  7. Finalmente baixam as mascaras, e mostram os seus reais interesses!

    E não é Freamunde, este será para você o último interesse!

    PS, PSD e CDU, têm um único interesse: as lutas mesquinhas dos partidos!

    Freamunde estagnou porque infelizmente a cor que move as pessoas em Freamunde, não é o azul da esperança de Freamunde, mas o laranja, o azul da soma vermelho+verde, e o rosa dos partidos!

    Freamundenses, precisam-se!

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  8. Esses freamundenses existem, é necessário deixa-los aparecer, trabalhar e expor as suas ideias.
    Infelismente à quem não pense assim e não deixam que gente nova e com outros projectos entrem para a junta que foi democraticamente eleita pelo povo.

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