Casa da Música ou castelo no ar?

O PS trouxe de novo para a discussão pública o velho e impraticável projecto da construção da “Casa da Música de Freamunde”. A embrulhada em que este projecto caiu obriga à sua anulação e enterro, aproveitando a proximidade do terreno que esta hipótese iria ocupar com o cemitério nº 2 da paróquia de Freamunde, para fazer um funeral rápido e barato.

Todo o mundo sabe que este projecto é uma balela que o PSD utiliza, metodicamente, para conquistar votos, já que o partido adversário, quando no Governo, não colabora; já porque a burocracia se desgasta em fotocópias e documentação que não resolvem coisa nenhuma. Com o desgaste do tempo, este chão deixou de dar uvas e começou a dar mato, motivo por que o PSD lhe perdeu o interesse.

 Os incapazes e oportunistas têm uma bolsa de segurança repleta de desculpas para transformar a nulidade própria em obstruções do adversário. A técnica é obsoleta e perdeu toda a eficácia no presente. A realidade sobre a “Casa da Música de Freamunde” é esta: é um projecto do século XX para concretizar, hipoteticamente, no século XXII sobre papéis novos e com outros responsáveis, que os papeis que andam por aí apenas dão para a reciclagem, W Cs de higiene a 10%, acender lareiras no Inverno. Para construir uma Casa de Música não servem, por terem perdido o projecto nas trocas e baldrocas da politiquice, ou terem-no adulterado nas sucessivas adaptações às conveniências de cada ocasião.

Ainda poderá haver a hipótese de o salvar parcialmente para uma Casa de Bombos, que é barulho mais guerreiro e menos rigoroso nas subtilezas do som e das arquitecturas para a sua execução. Para ensaio e concerto de bombos basta um barraco coberto com manga plástica, a exemplo das estufas para vegetais, construção que cumpre o objectivo básico de prevenir uma molha de chuva quando a dita está de passagem pelo sítio.

Por outro lado, o problema das verbas fica resolvido num único peditório de domingo de manhã, os fundos europeus livres de um projecto que detestam e querem ver pelas costas, os eleitores isentos de uma atoarda demagógica, e os freamundenses livres do mirabolante projecto da construção de um castelo no ar.

Transitando da ironia para o real, já é mais que momento oportuno para encarar os factos e agir segundo eles.

Está visto que a Associação Musical de Freamunde não vai construir nenhuma Casa da Música. O tempo transcorrido desde o início do projecto até hoje tem barbas até ao chão. Nesta circunstância, o melhor é dá-lo por encerrado ou, num último esforço, transferi-lo para uma comissão ad hoc constituída por freamundenses e independente de todos os poderes. Se não houver freamundenses que assumam a responsabilidade deste projecto, encerrá-lo definitivamente é o melhor que há a fazer. Se ninguém pega nele é porque não presta, ou Freamunde não o merece, ou não tem condições para a sua concretização. Cesto dos papéis com ele.

A Associação Musical de Freamunde perdeu toda a credibilidade para continuar com o projecto em mãos. Quer pelo histor enaltece a terra, o que fizerem de mau avilta-a. Freamunde foi aviltado pela péssima e inadmissível atitude de um director da Banda. A esmagadora maioria do povo de Freamunde não se revê em comportamentos descorteses. A sua tradicional hospitalidade assenta nos princípios de bem receber e respeitar quem vem a esta terra.

É de aguardar que a Associação Musical de Freamunde desagrave o povo freamundense de um acto que ofende a sua sensibilidade e dignidade e que, por tais motivos, reprova e repudia.

ORM / TP