O Governo comunista do Vasco Gonçalves ia lapidando rapidamente o erário público suportado pela "pesada herança", não fora ter sido "corrido" a tempo.
É que esse militar havia jurado solenemente defender a pátria com todas as forças e coragem mesmo que isso lhe custasse a própria vida.
Independentemente das soviéticas nacionalizações e da colectivização das propriedades agrícolas que até aí tinham sido o celeiro de Portugal, forçou a compra da sardinha à frota soviética, a cinco escudos o quilograma (na lota portuguesa a tabela era de um escudo e vinte centavos) em quantidades tais que se tornou necessário armazená-las nos frigoríficos de Vigo (Galiza) a fim de abastecer as indústrias conservadeiras à medida da laboração das respectivas fábricas.
Também as adegas cooperativas foram forçadas a venderem vinho à URSS, vinho a dois escudos e cinquenta centavos (2$50), vinho este que, na sua maior parte, era revendido, pelo que nem sequer chegava a entrar na URSS.
Fez com que as fábricas de calçado vendessem para aquele paraíso comunista (que ainda iria resistir mais quinze anos) sapatos a setenta e cinco escudos o par.
Curiosamente, alguns desses sapatos, depois de rotas as meias solas, foram devolvidos por defeito de fabrico - as viras tinham uns milímetros a mais.
Em contrapartida "obrigou" Portugal a importar da Rússia madeira já serrada (que acabou por apodrecer nas docas por falta de compradores).
E, claro, estes negócios ruinosos mais cedo ou mais tarde desequilibrariam de tal forma a balança de pagamentos comerciais, cuja diferença exorbitante Portugal teria que liquidar. Como não dispunha já de moeda estrangeira, pagaria com o precioso metal-ouro.
Presentemente estamos quase na bancarrota, sob a batuta do maestro Sócrates. O "outro", além de militar também era engenheiro (?), o Engenheiro Guterres (homem sério), quase que chegou ao "Pântano" pelo que cedeu o comando a outro, o qual, pouco tempo depois, "desertou".
Será que o mal está na engenharia?
Será que o dom natural da oratória funciona como bóia no encapelado mar da política?
Até quando? E... depois?
Jorge Leal
"VOZES DE BURRO (VELHO)..."
O emérito cronista, Jorge Leal, inquilino destas páginas, publicou na semana passada, aqui, um fulgurante artigo sobre a história recente de Portugal, denunciando as traquinices de um primeiro-ministro dos primeiros tempos da Revolução de Abril de 1974, sob o título que vêem em cima e que eu plagiei à vista de todos por não encontrar melhor e mais adequado a este texto.
Sendo um artigo de carácter histórico com muita originalidade e ofuscante brilho literário, manca por falta de referências e fontes que permitam a verificalidade dos enunciados. Se o habilitado autor se baseou em notas pessoais registadas na época não temos, para além delas, outras fontes mais acessíveis que nos permitam ampliar o conhecimento dos factos citados e também, citá-los em eventuais textos com segurança.
A quantidade de informação, sobretudo de ordem económica, merecia sustentação em fontes institucionais e referências autorais e de publicação, para maior informação dos leitores e credibilidade do texto. A ser verdadeira a narrativa - preocupação que o autor não teve em demonstrar - estamos perante um caso de corrupção gigantesco e internacional que envolveu não só o primeiro-ministro Vasco Gonçalves, que estas corrupções exigem a participação de numerosas pessoas, mas também a participação de países estrangeiros, nomeadamente a URSS.
Algumas minúcias do texto deixam supor que o autor foi espectador directo e presencial dos acontecimentos, em alguns deles com grande pormenor, fruto de uma excelente visão que lhe permitiu aprofundar a observação até ao milímetro. Talvez esta circunstância o tenha empolgado e apressado a narrativa, descuido de rigor que a desvaloriza por lhe retirar a credibilidade que merecia. É que apresentada da maneira que foi, ficamos sem saber se foi redigida fora do sono, ou durante o sono, na sua fase onírica.
A crónica histórica, nos dias de hoje, já não pode ser feita ao estilo de Fernão Lopes misturando os factos com a opinião pessoal, tudo adornado com bonitas e perfumadas flores de estilo. A crónica histórica actual está sujeita ao rigor científico e à frieza da matemática. A objectividade factual e o rigor dos números que eventualmente lhe estejam associados são elementos indissociáveis da narrativa. A interpretação ideológica e historicista é de cada um. Isto diz que cada autor agarra os elementos à sua maneira, mas o cerne é igual para todos. Ora, o que se passou com a crónica de Jorge Leal está na existência da denúncia de factos não comprovados por fontes fidedignas. Esta condição deixa os leitores a balancear entre a verdade e a inverdade do relato, balancear que o autor decerto não pretendeu, mas que por culpa própria não evitou.
Não obstante a visão adversa que possui da época a que se reporta, a massa trabalhadora nunca viveu tão bem e em nenhuma outra épica da História portuguesa conquistou tantos direitos libertadores da sua condição escrava. Como é inevitável, o aumento do bem-estar do povo diminuía o bem-estar dos seus exploradores. O caudal de riqueza que enchia os cofres dos ricos minguou em favor dos pobres, dando corpo à justiça social. As nacionalizações, que a contra-revolução encabeçada por Mário Soares começou a liquidar à primeira oportunidade, eram condição essencial para a melhoria do nível de vida dos portugueses. Eram e são. Que os portugueses não esperem, jamais, ver o seu nível de vida subir de forma sustentável e tranquila sem a nacionalização das empresas estratégicas, em primeiro lugar, depois os grupos económicos que se tornaram em monopólios pelo seu poder financeiro.
A riqueza produzida pertence a quem a produz e os meios de produção devem ser propriedade de toda a Humanidade. Somos uma espécie única sem subespécies e isto o capitalismo não reconhece. O capitalismo divide a humanidade em poderosos (os ricos), capatazes (os rapa migalhas) e gado de trabalho (os trabalhadores). É assim que o capitalismo define e ordena a espécie humana.
A catástrofe económica actual que esmaga os povos sujeitos à tirania capitalista é escamoteada à responsabilidade dos seus autores, principalmente através dos meios de comunicação social, obviamente ao seu serviço, mas ardilosamente fingindo alguma oposição ou denúncia.
Quem mata a fome a estes meios de comunicação são os poderosos, porque são os seus donos. Tal como na história de William Winstanley, o cãozinho extraviado oferecido à esposa de Sir Thomas More respondeu sem nenhuma indecisão ao chamamento do mendigo, seu verdadeiro proprietário, identificado a voz do dono, os grandes meios de comunicação identificam rapidamente a voz do seu dono e correm ao seu encontro. Ninguém destrói a pia onde abastece o estômago e o barraco onde se abriga.
A Revolução de Abril já lá vai, a liberdade de imprensa é uma ilusão, a democracia uma mentira, o presente uma tragédia crescente, o futuro uma mina escura sem saída de emergência. É esta catástrofe, que em fim de crónica, o historiador Jorge Leal remete para personagens menores, primeiros-ministros lacaios do grande capital, gente sem vergonha e carácter político, mas que, para além dos citados, existem outros com iguais ou maiores culpas, um deles em alto cargo de Estado neste momento, que fica por detrás da cortina nas lembranças do emérito historiador.
Esta gente do Governo é a máscara dos verdadeiros responsáveis e beneficiários da actual situação económica e política. O capitalismo é isto: mentira, exploração, degradação humana, violência social, poluição da natureza, destruição do habitat, estupidez, demência comportamental. O capitalismo é irracional e aleatório e um perigo mortal quando de posse dos conhecimentos científicos e das vantagens tecnológicas actuais. Se não for travado e substituído, levará a humanidade ao suicídio colectivo, à extinção total.
Cada vez mais, os campos têm de ser definidos e demarcados. As escolhas possíveis são capitalismo ou socialismo. Uma Terra de senhores e escravos ou uma Terra para toda a Natureza vivente. Não há mais escolhas.
A História não é conversa de oficina de sapateiro remendeiro, a História é a luta da Humanidade pela sua humanização, pelo desenvolvimento da sua consciência, pela sua integração no ambiente natural e apaziguamento de um mundo que hostiliza contra si própria.
Se o historiador Jorge Leal quiser dedicar-se aos crimes do capitalismo, tem de reservar para si, em exclusivo, a produção de um ano da maior fábrica de papel do país.
ORM / TP
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Comunicado do PS
O PS E A SITUAÇÃO EM FREAMUNDE
Os membros da lista do PS à Assembleia de Freguesia de Freamunde, como é público, renunciaram em bloco ao seu mandato, tendo em conta a forma antidemocrática e politicamente arrogante como o Presidente da Junta e o PSD de Freamunde vem gerindo este problema.
Incapaz de olhar em primeiro lugar para os interesses de Freamunde, o PSD optou por se desculpar com a ausência de acordo na Assembleia de Freguesia para gerir a nossa terra da mesma forma que acontecia antes do 25 de Abril.
Como Freamunde se orgulha de ser uma terra de democratas e onde a liberdade é um valor caro a todos, os eleitos do PS renunciaram ao seu mandato, e desta forma deram total liberdade ao Presidente da Junta e ao PSD para que uma nova sessão da Assembleia fosse convocada e desta forma o executivo pudesse ser constituído.
Pois bem, alguns meses já se passaram desde a renúncia ao mandato dos eleitos de PS e como é público, o mesmo não sucedeu com todos os elementos da CDU. Assim sendo, do ponto de vista legal e político, o Presidente da Junta de Freguesia já deveria ter convocado uma nova reunião da Assembleia e desta forma, concluir-se o processo de eleição dos diferentes órgãos. Paradoxalmente, oPSD de Freamunde faz tábua rasa da lei e continua a gerir a Junta com o executivo do mandato anterior, esquecendo-se do que prescreve a lei nesta matéria.
Nestes termos, estando a Assembleia de Freguesia de Freamunde com todas as condições legais e políticas para voltar a deliberar sobre a constituição do executivo e da mesa, é obrigatório e urgente que tal se concretize. Aliás, foi também para evitar que o Presidente da Junta utilizasse até à exaustão o argumento de que não havia condições políticas para se elegeram os órgãos em causa, que todos os eleitos do PS decidiram, em último recurso, renunciar ao mandato.
Daí o apelo público que os membros da lista do PS neste momento fazem para que o PSD e o Presidente da Junta de Freguesia de Freamunde, por uma vez, respeitem o povo da nossa terra e convoquem uma nova reunião da Assembleia de Freguesia.
Caso tal não suceda nas próximas semanas, os eleitos do PS não descartarão a possibilidade de remeterem esta questão para o Tribunal Administrativo, pois começa a estar em causa o respeito pelos Freamundenses e o cumprimento das mais elementares normas jurídicas.
ARMANDA FERNANDEZ E
PAULO SÉRGIO BARBOSA
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