24 julho, 2010

PSD cerca Festas Sebastianas






Ficou demonstrado definitivamente, este ano, que o PSD quer o monopólio da vida política e associativa de Freamunde. Só lhe faltavam as Sebastianas, há que preparar-lhe o assalto com a forte logística da Câmara Municipal de Paços de Ferreira.

Através do seu aparelho ideológico - as associações - o PSD encosta a Feira de Artesanato às Sebastianas e faz desta feira a abertura das festas. Por outro lado, a Câmara de Paços de Ferreira faz uma parceria com o Clube Automóvel do Minho e a Comissão das Festas Sebastianas e realiza o 1º Circuito de Karting Capital do Móvel, em Freamunde, no fim-de-semana anterior às Festas. Também não será inocente a Competição Coral Internacional de Freamunde (Freamunde International Choir Competition) localizar-se no preâmbulo das Sebastianas.

O Gabinete de Propaganda da Câmara ordena aos seus historiadores que façam a história das Sebastianas e estes escrevem o que lhes vem à cabeça.

Ordena aos seus jornalistas que façam reportagem e eles entrevistam, fotografam e contam coisas vulgares de mesa de café.

O JN publica, em 7 de Julho, um suplemento inútil sobre as Festas Sebastianas com a republicação da maioria dos textos e uma lacuna enorme da realidade actual.

Fora de Freamunde, só alguns reformados que fazem passatempo da leitura integral do jornal leram aquilo. Cheirava a mofo e a propaganda barata. Os leitores também lêem pelo cheiro dos textos.

O Freamunde actual, de hoje - obra do PSD - uma miséria que faz da vida franciscana um luxo, fica oculto nas brumas de um palavreado artificial sobre a grandeza histórica de Freamunde, com muitos enigmas pelo meio para lhe realçar o tamanho. Quanto ao povo freamundense é apresentado como uma singularidade extraterrestre, indecifrável pelos meios científicos actuais. Enfim, um blablablá de entupir ouvido. A fechar a meda, um portentoso anúncio da Câmara, que o JN não trabalha de borla.

As Festas Sebastianas já estão cercadas pelo aparelho ideológico do PSD, bem abastecido pela logística camarária.

A Comissão das Festas Sebastianas 2010, aspirando à prova de que não é burra e de que entendeu o recado e desejo do PSD, também por provável retribuição alegórica de algumas mercês recebidas ofertou, no final das festas, T-shirts laranja aos seus colaboradores. Este acto, a ser seguido no futuro, vai fazer revolução nas cores simbólicas de Freamunde. O azul, que tanta poesia inspirou e que dá cor ao sangue do nobre bairrismo freamundense vai ceder o lugar ao laranja, cor insuportável fora do fruto e incombinável com a maioria das outras cores. Alguém imagina o S. C. Freamunde a jogar de equipamento laranja?

Cuidado com a corrupção dos valores simbólicos de Freamunde! Se há um bairrismo adulador, falso, vendido aos interesses alheios à terra, por contrapartida, o bairrismo que se alimenta da seiva da história de Freamunde ainda está vivo e actuante. O azul é a nossa cor, a nossa identificação cromática, o fundo do nosso movimento social, o tecto da nossa cidade, a cintura que nos abraça e nos faz comunidade. Declaramos como traição a tentativa da sua substituição.                           

As Sebastianas são grandes, mas serão mais expressivas quando realizadas nos padrões de vida e cultura dos freamundenses. A fronteira entre as tradições desta terra e a alienação de massas está por um fio. Pôr um travão na megalomania (mania das grandezas) crescente nas Sebastianas merece ponderação. Freamunde só é grande durante uma semana, o resto do ano é de uma pequenez confrangedora. Isto quer dizer que as Sebastianas começam a adquirir um papel alienatório. Quanto mais Freamunde regride económica e socialmente mais as Sebastianas progridem.

Qual é o retorno das centenas de milhares de euros que os freamundenses investem nas festas, sem contabilizar as milhares de horas de trabalho gratuito dos festeiros e seus colaboradores?


Seria esclarecedor que a Comissão Sebastianas 2010 apresentasse um ensaio sobre esta questão. Saber qual é o reflexo das Sebastianas no desenvolvimento de Freamunde ajuda a entender melhor este evento e a programá-lo de forma mais eficaz e produtiva.


A simbiose Câmara - PSD é um caso de sucesso de uma autarquia com um partido. Uma ligação de benefícios e felicidade entre os dois. Cada um dá ao outro o que ele precisa e recebe de igual modo. Uma reciprocidade vital.

No concelho de Paços de Ferreira, Câmara e PSD são indistinguíveis. O poder autárquico transformou-se em poder partidário.

O poder autárquico que, pelas elementares regras da democracia, devia ser um poder popular, em Paços de Ferreira é o poder discricionário e avassalador de um partido. A obediência pública ao poder estatal foi transferida para o PSD.

 Em Paços de Ferreira o Estado é o PSD.

Quem não obedecer ao PSD, desobedece ao Estado. É assim que as coisas são e estão neste colonato partidário.

A última fortaleza do povo de Freamunde, as Festas Sebastianas, está sitiada pelas tropas do PSD. Só o futuro poderá informar da sua resistência ou cedência ao sitiante. Entretanto, é possível avançar com uma previsão, mesmo sem bola de cristal, de alguns acontecimentos desta terra a partir do acontecimento decisivo das eleições intercalares, a realizar em data incógnita, mas que admitimos estar inserida no calendário de 2010, as mais importantes e definitivas para Freamunde de todas as que se efectuaram até hoje. O PSD sabe disto e está preocupado, antes aflito, que a situação não está fácil e uma derrota em Freamunde pode ser o início do descalabro concelhio. Não esqueçamos que o PSD concelhio está a somar derrotas eleitorais de peso que vaticinam grandes dificuldades nos próximos actos eleitorais. Quanto ao futuro, temos:

Se o PSD ganhar as eleições intercalares, Freamunde completa a desagregação molecular do seu corpo histórico e social, regressa à condição de pó terrestre ou adubo para abóboras.

Pelo contrário, se o PSD perder as eleições e a oposição conquistar o poder, neste caso, interromper-se-á o ciclo negativo, exageradamente longo, e Freamunde começará a pensar em como vai resolver uma herança constituída por uma montanha de problemas que provêm de todos os sectores sociais. Uma dor de cabeça. Mas se todas as dores forem como esta que venham, que venham. É sina da esquerda desembaraçar-se dos males feitos pela direita. Ao futuro cumpre sempre saldar as contas do passado. Mas, desta vez, o monte de facturas a pagar é demasiado elevado. Só com muito trabalho extra vai ser possível…

A hipotética e maléfica vitória do PSD, nas próximas eleições intercalares, garantir-lhe-á a rendição incondicional das Sebastianas e a posse absoluta do território freamundense que repartirá pelos seus chefes, em recompensa do trabalho de cada um. O império sairá reforçado para mais quatro anos de mandato, no mínimo, que o seguinte já fica meio conquistado.

O coração desta terra não aguenta tanto tempo. Quais os conjurados no assassinato de Freamunde, se tal vier a acontecer?

ORM /TP


11 comentários:

  1. É tão Freamundense que nem sabe que o SC Freamunde teve como 3º equipamento nos ultimos 2 anos o laranja. Já agora ninguem ofereceu t-shirts, elas custavam 5 euros e haviam Laranjas e Lilazes, mas você como cego que é só as viu de uma cor. Devia gostar mais das de 2009 eram vermelhas, aí já lhe agradou? É mesmo otário

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  2. Como já tem sido repetido neste blogue, os comentários anónimos que citem nomes de pessoas têm de estar identificados. Se o autor do comentário que tivemos de cortar pretender a sua publicação, basta mandar-nos a sua identidade por email e assumir a responsabilidade das ameaças produzidas. Tão simples e tão fácil como isso.

    Numa sociedade civilizada e culta as lutas sociais e políticas são praticadas com as armas do espírito: as ideias e as palavras que as transportam. As ameaças, o insulto e a violência física são evidências de atraso civilizacional. Se formos agredidos, não será a primeira vez que somos vítimas da liberdade de pensar e dizer. Não será por isso que nos iremos calar.

    Alguém disse um dia, já não recordamos quem, que cada um é a sua linguagem. O seu comentário disse de si tudo o que havia para dizer.

    Teremos todo o gosto em voltar a publicar o comentário com seu nome por baixo.

    Com as nossas saudações,

    Freamunde Livre

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  3. Manuel Pachecojulho 25, 2010

    “PSD cerca festas Sebastianas”
    As festas Sebastianas são para os Freamundenses o seu ex-líbris e gostaria que continuassem a ser. Em Freamunde temos como lema a desunião e não a união. Antes de criticarmos devíamos de dar o nosso contributo para melhorar o que achamos que está mal. O quanto é fácil criticar.
    Já no ano de 1988 fiz parte da Comissão de Festas e recebemos as mesmas críticas da comissão que nos elegeu e de mais alguns críticos - sempre os de costume. Temos o hábito de sermos juízes e réus.
    Acontece que quem nos elegeu gostava que o presidente fosse o eleito por eles – usava-se que o presidente fosse solteiro – e desse para o que desse ele tinha de ser o presidente da comissão! Tivesse aptidões, ou contra a sua própria vontade, como foi no nosso caso. Nessa altura já nos apercebíamos que quem era para deitar abaixo era quem é hoje o Presidente da Junta – foi Presidente da Comissão das Festas Sebastianas de 1988 numa votação onde estiveram todos os festeiros. Acho que a democracia se rege por estes valores. Com esta situação quem criticava fazia de conta que os demais eram um verbo-de-encher. Nunca devemos transportar para os outros os nossos defeitos. Fui uns dos festeiros que mais o contrariou, quando se ia a votação, umas vezes a minha posição ganhava outras perdia. Fiz um comentário neste blogue, o tema era quase igual, disse que se ele é Presidente da Junta não é com o meu voto, assim como o Presidente da Câmara.
    Quando não concordamos com o trabalho das direcções, sejam de Futebol, Música, Bombeiros, Pedaços de Nós e outras mais, primeiro devemo-nos tornar sócios, cumprir com os estatutos e arranjar uma lista e submetermos a eleições. Se não formos os eleitos devemos colaborar em tudo o que seja para o seu bem.
    O motivo deste meu comentário é pelo facto do meu filho ter sido festeiro das Sebastianas de 2010, depois de ter dado o máximo das suas capacidades assim como os outros e da contribuição monetária da população de Freamunde vir a saber pelo Freamunde Livre, que o mérito das Sebastianas foi do PSD local, Câmara Municipal e Junta de Freguesia de Freamunde.
    Com artigos assim quem aceita ser festeiro?!

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  4. A comissão de festas 2011 está com pouca gente - vá até ao pavilhão e ofereca-se.

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  5. Em primeiro lugar, apresentamos o senhor Manuel Pacheco, que sabemos não ser nome falso, que assina o que diz, como exemplo para a quase totalidade dos comentadores de blogues.

    O comentário anónimo degrada a relação social, emporcalha uma sociedade para além do emporcalhamento que já tem e que pensávamos ter atingido o limite.

    Quem assume as suas opiniões, que no meio de milhões divergem sempre de algumas outras, mostra carácter, mostra consciência social, mostra coragem cívica, mostra honestidade para consigo próprio e para com os outros. O progresso de Freamunde só pode ser construído na base destas qualidades.

    Alguém acredita que com anónimos é possível construir algo, melhorar uma cidade, comunicar ideias, debater projectos de desenvolvimento?

    O anónimo é toupeira que não sai de baixo do chão. Vive no escuro. Os seus olhos não são sensíveis à luz, a sua mente não produz pensamentos, o seu ambiente natural é junto dos vermes que lhe servem de alimento e companhia.

    O anónimo está a matar o mais acessível e tecnicamente fácil meio de comunicação social do nosso tempo. Tenhamos em atenção que é um meio interactivo, isto é, um meio que permite a comunicação nos dois sentidos, quase instantaneamente. Melhor que isto é impossível, no entanto, os blogues estão longe de atingir as suas maiores potencialidades pela acção corrosiva dos anónimos, normalmente gente sem capacidade de expressão, medíocre e complexada, que aproveita a impunidade do anonimato para destilar veneno e enxovalhar quem lhes mostra um espelho que lhes devolve a própria imagem que detestam.

    Há alguns dias dissemos no Ministério Público que os legisladores têm que se debruçar sobre este problema e terminar com ele pela sua perigosidade cívica e atentado à liberdade de expressão. Talvez a bagunça interesse a alguns partidos, que extraem da desordem vantagens incríveis. Para já, são as condições que temos.

    (Continua no comentário seguinte)

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  6. Passando ao corpo do seu texto, concordamos que as Sebastianas são o ex-líbris de Freamunde, por pensarmos assim é que as trouxemos para a ribalta da discussão pública. Se ler com alguma atenção os nossos textos, verifica que elas estão no centro das nossas preocupações e que as consideramos “a última fortaleza do povo de Freamunde”. Por lhe atribuirmos uma importância capital é que chamamos a atenção para os perigos que correm. Se não formos ingénuos e percebermos a insídia do PSD, está escarrapachado que este partido lhe montou um assalto, porque a estratégia deste partido assenta na conquista de votos a qualquer preço. O domínio de todas as associações locais tem por objectivo o enfraquecimento dos adversários e a compulsão dos votos em si. O poder é o único objectivo deste partido. Segundo consta, em conversas de rua, não garantimos nada, há associações que são verdadeiros ninhos de empregos. Sabemos que este partido é capaz de todos os esforços e manobras por um voto. Como o cerco às Sebastianas começa a ser escandaloso, temos o dever moral, político e bairrista de tocar a sirene contra este desastre.

    Criticar não é tão fácil como parece. É um esforço muito grande que obriga a profundas reflexões. A crítica é a pedra base das transformações sociais e obriga a conhecimentos importantes em diversas áreas. A crítica tem de começar a ser entendida como uma actividade mestra do desenvolvimento e independente de todas as outras. O verdadeiro crítico apresenta visões originais e inovadoras sobre os temas. É um criador, não é um maldizente, como levianamente alguns o classificam. Fazer a análise de um tema e transformá-lo em enunciado é tarefa trabalhosa e de grande responsabilidade e capacidade intelectual. Não é por acaso que não existe actividade crítica consistente em Freamunde. Uma lacuna, das maiores, na cultura e na base teórica do trabalho autárquico desta terra. Isto quer dizer que falta conhecimento, especialização, estrutura, sociabilidade. Em termos reais e objectivos somos uma aldeia paupérrima de tudo o que constitui uma sociedade moderna.

    As “Comissões das Sebastianas”, voltamos a repeti-lo, são o maior exemplo de trabalho colectivo desta terra e que apresentamos como modelo para a constituição da Junta. Basta rever os textos anteriores. Se nas críticas que fizemos ofendemos os festeiros, pedimos desculpa, pois a intenção não foi essa, nem podia ser. Na verdade, podemos ter sacrificado os festeiros actuais na tentativa de chamar a atenção dos seus sucessores para os perigos de partidarização das Festas. Esse perigo existe e será mortal para as Sebastianas se as atingir. Em síntese, o que pretendemos significar, e achamos que deve ser princípio acatado pela nova Comissão, é o de que as Sebastianas são de todos os freamundenses sem distinção de qualquer espécie. Se aos partidos cabe, politicamente, uma parte de Freamunde a cada um, às Sebastianas cabe Freamunde todo e o resto do mundo.

    Toda a independência e liberdade de acção às Sebastianas!

    Freamunde Livre

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  7. Manuel Pachecojulho 25, 2010

    Concordo com o Freamunde Livre em várias coisas, outras não. Quanto aos anónimos também entendo que são como as toupeiras, quando nos queremos referir a algo devemos nos identificar, seja com o nome próprio ou pseudónimo, nunca por nunca com anónimo. Aliás, já há muito que escrevo para o blogue Aspirina B, não sei de quem é e de onde é. Raramente escrevo para os de cá porque sei que santos da casa não fazem milagres.
    Voltemos ao assunto das Sebastianas. Para se ser livre e recusar apoios seja de quem for, tem que se ter autonomia financeira, que é o que não acontece com as comissões eleitas. Pelo menos na minha éramos uns tesos. Quanto à Câmara Municipal e Junta de Freguesia é obrigação deles apoiarem as Sebastianas, delas, dependem o comércio local. Quanto ao PSD não vejo onde haja mão dele. Não se vêem bandeiras. As pessoas relacionadas com ele estão noutras agremiações e por força disso são obrigadas a dar a cara. Também julgo que uma comissão de festas é formada por elementos dos vários partidos nacionais e locais e como disse não devem ser verbos-de-encher.
    Quanto a mim as festas estão bem assim. Deixemos a política para os políticos e as festas para os festeiros e para o povo. Não sabe o quanto me encho de alegria quando ouço forasteiros dizerem: vale a pena vir nestes dias a Freamunde e ver o bairrismo, a organização e carinho que este povo sente pela sua terra. Já andei por muitos lados, conheço os usos e costumes e cada vez tenho mais alegria pelos eventos que produzimos.
    Este ano esteve cá uma minha cunhada da Madeira, já tinha estado no ano de 2002 e ficou deslumbrada com as Sebastianas desse ano, mas nestas disse-me, simplesmente magnificas - e olhe que na Madeira não se brinca com festas. A minha resposta foi: estas já foram, não vão ter comparações com as de 2011.

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  8. vai-te tratar freamunde livre tas com a mania da presseguiçao azeiteiro comuna ressabiado

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  9. O Caro amigo nao passa de um profeta da desgraca, e demagogico.

    Se o meu amigo quer ter credibilidade tem que passar a escrever assim:
    " Se eu fosse presidente da junta faria:
    1.
    2.
    3.
    ETC.
    Com os seguintes objectivos e metas:
    1.
    2.
    3.
    ETC.
    Utilizando os seguintes recursos financeiros e humanos:
    1.
    2.
    3.
    ETC. "

    QUANDO QUISER SER CREDIVEL ESCREVA DESTA FORMA, POR ENQUANTO NAO PASSA DE UM DEMAGOGICO FALA BARATO.

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  10. Pelo que compreendi, vão haver eleições intercalares?

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  11. compreendeste mal, eleições em Freamunde só daqui a três anos!!!

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