
Nas longínquas eleições autárquicas de 1975, num concelho de raiz reaccionária, Paços de Ferreira, com uma agricultura pobre, de subsistência, e uma industrialização artesanal até à década de 60, com excepção de Freamunde, a coligação FEPU ganhou as eleições nesta freguesia. Se as condições sociais o permitiram, não deixa de ser verdade que tiveram de ser trabalhadas muito rapidamente e com eficiência. Na altura, o Partido dispunha localmente apenas de duas pontas capazes de estabelecer o contacto.
Nas eleições seguintes, o presidente da Junta eleito pelos comunistas apresentou-se como cabeça de lista do PSD. Funcionário camarário, em Lousada, fazia a “escrita” aos fins de tarde numa secção local do sindicato dos marceneiros. A sua condição pequeno-burguesa não resistiu às pressões do PPD e transferiu-se para as suas hostes. Ganhou. A partir daqui o Partido perdeu o seu lugar no poder com capacidade determinante. Os altos e baixos que se lhe seguiram quedaram-se pelos 7% do eleitorado actuais, o que resta e está muito difícil de manter, não só por uma nula acção política, mas também por as condições sociais estarem em alteração permanente por dispersão causada pela instabilidade económica, factor de enfraquecimento da coesão social que a antiga concentração operária permitiu nos velhos tempos. Esta análise diz respeito exclusivamente a Freamunde, a que acresce o agravo do seu isolamento, cercado por terras com fortes carências culturais e de débil consciência política, e agora sem a força centralizadora que foi a sua glória de outros tempos.
Freamunde está em queda política e económica. O PSD, que sucedeu à ANP fascista, domina o concelho de Paços de Ferreira desde as primeiras eleições autárquicas em democracia.
A mentalidade totalitária, no poder autárquico, é predominante e o novo-riquismo institui-se em padrão das aparências como resultado de complexos de um passado pobre.
A corrupção autárquica não destoa do resto do país e, como é das regras, quando em situações de domínio político absoluto, tende para o infinito.
A destruição territorial e o caos urbanístico já esterilizaram grande parte do desenvolvimento futuro. A teia de interesses particulares, urdida com cabos de aço da espessura de cabos de alta tensão está concebida para durar centenas de anos. Salazar, ante o PSD de Paços de Ferreira, seria considerado um democrata exemplar.
Romper este domínio a qualquer custo é tarefa a fazer de olhos fechados e punhos cerrados. A freguesia do concelho de Paços de Ferreira mais esclarecida politicamente, Freamunde, é um instrumento de luta que não pode ser destruído, atirado ao lixo. Os comunistas de Freamunde têm consciência da sua responsabilidade na democratização do concelho e da necessidade urgente de derrotar o PSD, vai para 40 anos com o império do poder autárquico absoluto.
Surgida que é a oportunidade de libertação do povo de Freamunde das garras da direita através de eleições intercalares, dado que o PSD ganhou as eleições de Outubro de 2009 apenas pela margem de 24 votos e tem vindo a diminuir a sua votação de eleição para eleição, não se compreende que venham funcionários do Partido viabilizar uma Junta integralmente PSD. Esta situação cai no absurdo, por não ter mais onde cair.
É necessário que fique claro e límpido que os comunistas de Freamunde não fazem alianças formais ou tácitas com a direita. Praticamente, os elementos da lista da CDU já contactados sentem-se chocados com as vicissitudes actuais e recusam participar em listas futuras. Há elementos da lista em situação dramática, divididos entre a recusa natural e lógica a pactos sombrios com o PSD e a obediência partidária.
Contrariamente ao exposto numa nota de imprensa da Comissão Concelhia de Paços de Ferreira do Partido Comunista Português, datada de 28 de Junho de 2010, preparada com antecedência para ser usada à primeira oportunidade e ao arrepio da lista de candidatos, da qual junto fotocópia, não está em causa o “poder pelo poder”, está em causa Freamunde e a liberdade do seu povo há longos anos oprimida por um partido individualista, vingativo e ditatorial.
Esta situação não pode prolongar-se por muito mais tempo. É imperioso que o Partido faça a sua análise e determine, em comunicado público, qual é, em definitivo, a leitura que faz dos acontecimentos e a solução que preconiza para a Junta de Freamunde.
ORM / TP
Qual a situação actual?
ResponderEliminarOs eleitos da CDU que dizem de tudo isto?
Gostava de ser informado.