23 abril, 2011

Para cima, ou para baixo?






No passado dia 19 de Abril, quando dia acabava e a noite começava, dez envergonhados foguetes subiram ao ar e com o seu tímido estouro tentaram lembrar-nos o decenário da nossa cidade.

O dia vestiu-se de cinzento e a data festiva não saiu da penumbra. Temos fé de que o sol não se tenha ido embora definitivamente. Precisamos dele para as Sebastianas e para fazer crescer um talho de alfaces no quintal aqui ao lado. Há-de voltar que a Terra não mudou a sua órbita e as nuvens não resistem ao vento do norte.

Dez anos são dez anos. Mais um que nove e menos um onze. Matematicamente, dez anos são dez anos. Isto quer dizer que é um período de tempo capaz de conter em si muitos acontecimentos, como pode não conter acontecimento nenhum. Tudo depende das pessoas que vivem na cidade, sobretudo daquelas que têm mais de dez anos. Os menores de dez anos não estão autorizados a fazer coisas por causa do trabalho infantil, que faz muito mal às crianças, deixando-as profundamente infelizes e cansadas e também lhes dá tosse por causa do maldito pó que o trabalho faz.

Se as pessoas com idadinha para casar, estar no desemprego e pedir a reforma antecipada não se deram ao trabalho de fazer acontecimentos para bem de Freamunde, o decénio que agora se concluiu não tem nada lá dentro, está vazio. Pelo contrário, se as pessoas fizeram acontecimentos, eles estão lá e é só procurá-los. Se estiver escuro dentro do decénio, uma lanterna barata, de feira ou de chinês, é suficiente para dar uma volta a ver o que há, se for rápido, que as pilhas são de carboneto e duram pouco.

É exactamente para esta tarefa que convidamos os nossos visitantes, que não devem ser mais de dez – quem nos dera! - a passar uma revista ao decénio da cidade de Freamunde, contando cada um o que viu e o que não viu, acima de tudo o que não viu, porque é isso que nos faz falta. O que devia estar feito e não está; o que devia estar a fazer-se e não está por a Junta ter emigrado, já é garantido, para o próximo mandato; o que devia estar projectado e não está por as cabeças se haverem transformado em abóboras; o lançamento da primeira pedra da grande obra transformadora de Freamunde que nos metamorfoseasse de anões em gigantes.

Contem o que pensam destes dez anos e como sentem esta terra. Peguem o destino pelos cornos, dominem a fera e falem! Falem alto para todos ouvirmos, gritem, expludam, elevem-se acima da servidão!

Esta terra-cidade-não-cidade está transformada no zoológico do PSD. Vocês aceitam ser animais de jaula, amostras da fauna local para curioso ver?

Aceitam ser capões de aviário para refeições baratas?

Aceitam ser a massa bruta de um partido e da burguesada parola desta terra?

Aceitam o papel de burros em todas as circunstâncias da vida?

Se aceitam, engordem com a palha que vos dão. Se não aceitam, estilhacem a indignação em actos e palavras.

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Fazer o balanço destes dez anos permite-nos-á saber como começamos, como estamos, para onde vamos. Fazer contas à vida é um princípio de gestão seguido por quem assume responsabilidades. Saber se estamos a ir para cima ou para baixo, interessa. Mas antes, temos que definir o nosso padrão de desenvolvimento. Alguém o definiu?

Quem somos nós, quanto valemos, de que obras somos capazes, que sociedade temos?

De ilusões, bazófias e saudosismos somos abundantes. Tesão para emprenhar a cidade com obras marcantes do século em curso não se vê. Pilinha de esquimó.

Termina aqui o nosso espaço, começa o vosso. Dez anos de cidade: que oferta para o olhar, que transformações sociais, que trajectos para o futuro?

Freamunde Livre


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