Junta Provisória de Freamunde

É como viram, se é que viram, a Junta Provisória de Freamunde perdeu definitivamente a vergonha e realizou as comemorações da elevação de Freamunde a cidade com um programa de vulgar fim-de-semana.

O evento demonstra a real incapacidade da Junta Provisória de Freamunde para fazer coisas e o seu conceito de realização. Se para esta Junta um espectáculo musical, um porco no espeto e nove morteiros constituem os festejos pela elevação de Freamunde de vila a cidade, que cidade é esta e que tamanho terão as vilas. Se um concerto vocal, um merendeiro de família e nove foguetes são festa suficiente para uma cidade; uma sandes, um assobio acompanhado de harmónica de beiços à Casimiro Vaidoso e uma bicha de carnaval chegarão para uma vila. Para a criação de uma freguesia, um pequeno-almoço a dividir por dois é festa memorável para toda a vida.

O ridículo só beneficia os outros, aqueles que se riem de nós. Vale-nos nesta hora difícil de exposição das nossas insuficiências autárquicas, Freamunde estar fora do campo de visão das pessoas a partir de cinquenta metros da linha divisória da freguesia. Isto quer dizer que o ridículo fica, praticamente, entre nós. Não fosse assim, a gargalhada já iria mais longe que a da Gaiola Aberta, do Vilhena e de outras gaiolas e gaioleiros com a sua piada. Para esta invisibilidade de Freamunde fora de fronteiras, o mérito vai todo para as Juntas PSD, que se têm esforçado imenso no desaparecimento de Freamunde para poderem içar, nesta região, a sua bandeira e declararem o espaço sob sua jurisdição privada e partidária. Fala-se que depois de concluídas as demolições do que resta e feitas as terraplanagens do local onde existiu esta pequena cidade de província com o nome de baptismo Freamunde, dado pelos antigos colonizadores germanos, será amuralhada contra invasores e construída, bem no centro, uma seta com trezentos e tal metros de altura, em paridade com a Torre Eiffel. No sentido Norte-sul, uma avenida dividida por um laranjal e alguns limoeiros. No topo, o palácio presidencial em forma de ferradura para dar sorte e preitear a superstição, que acolherá, como residência oficial, os presidentes da Junta, como símbolos e obreiros da transformação de uma cidade em feudo, tal e qual como na Idade-Média, porque nesse tempo é que era bom e bonito.

As cerimónias oficiais das comemorações permitiram que o presidente da Junta mostra-se a si próprio uma obra do Governo e outra da Câmara, que lhe agradaram muito e lhe deram grande felicidade, dilatando-lhe, na certa, o desfastio para três espetos de porco salgadinhos e apimentadinhos, óptimo estímulo para umas boas malgas de vinho, capazes de lhe alterarem as cores de laranja para vermelho, transformação que o verde tinto faz com toda a facilidade, basta bebê-lo sem cerimónia e com apetite.

A ideia de estoirar nove morteiros na segunda-feira, 19, não foi a melhor, embora fosse esse o dia exacto da comemoração, mas como esta foi feita fora de tempo, como é hábito da Junta, neste caso, ao contrário, pois antecipou em vez de adiar, o que quer dizer que segundo as  suas normas estas comemorações de 2010 só deveriam ocorrer lá para 2030. Há  quem suspeite que esta antecipação é campanha eleitoral encapotada para as próximas eleições intercalares. Não concordamos, aqui no blogue, com esta suspeita. Sabemos, por comunicação astral, que o presidente e o partido que o suporta, estão cansados do poder e querem entregá-lo, para se dedicarem à pesca desportiva, no Parque de Lazer, a tempo inteiro e usufruto pleno da reforma. Isto é o que os astros dizem, mas como o ozono está todo esburacado, permitindo que astros de má reputação enviem contrafacção informativa, não existe, actualmente, comunicação de total confiabilidade. Nestas condições, limitámo-nos ao que ouvimos. A única razão por que não concordamos com os morteiros na segunda-feira é por os freamundenses estarem congenitamente condicionados a virem para a rua imediatamente a seguir ao estoiro do primeiro foguete que ouçam, o que aconteceu como de costume, tendo depois verificado que era rebate falso. O mal estava feito e o regresso ao trabalho já não fazia sentido. Uma paralisação que vai fazer estragos no défice orçamental do Governo por uma lamentável imprevidência da Junta Provisória de Freamunde, conhecido que é o peso que esta terra tem na economia do país.

Os analistas políticos que trabalham sobre Freamunde, antes das comemorações da elevação a cidade, arriscaram o vaticínio de que o Presidente da Junta iria aproveitar os festejos rijos para apresentar a sua demissão, fazendo um brilharete democrático, que lhe daria um posicionamento privilegiado na corrida às próximas eleições intercalares. Falharam, ou por outra, falhou o presidente uma oportunidade irrepetível de segurar o lugar. Os mesmos analistas consideram agora, que nem uma conjugação de esforços entre o Santo António, o S. Sebastião, a Santa Luzia e a Senhora da Conceição (de quem é fervoroso devoto e antigo festeiro) lhe garantem a vitória. O PSD, atento à situação, já pensa em novo candidato, só que não sabe onde ir buscá-lo, uma vez que os seus anteriores candidatos estão queimados e bem queimados, transformados em carvão O mercado de aspirantes a presidente de junta está fechado até 2013, restando-lhe a hipótese de arranjar um na candonga, que tanto pode sair bom, como sair furado, é uma sorte.

Pela nossa parte não temos pena nenhuma do presidente da Junta. Teve o seu destino nas mãos e deitou-o a perder. Quem desperdiça o que lhe faz falta, não serve para governar a malta. Também dispensámos o PSD por não ser capaz de apresentar um presidente de Junta em condições. O melhor, mesmo, é mudar de fornecedor e investir numa Junta nova, mais para a frentex, que para trasex já chega.

E venham as eleições na época dos melões!

Freamunde Livre