Os partidos políticos vêm perdendo confiabilidade pelas suas actuações em desfavor das respectivas bases populares de apoio. Sobretudo os partidos do centro e da direita que dizem uma coisa e fazem outra.
Este comportamento aldrabão apoia-se na facilidade com que algum povo acredita em tudo o que ouve, desde que seja dito por sujeitos vestidos por figurino e aromatizados com essências exóticas. Esta franja popular, imersa nas trevas da ignorância, será sempre o suporte dos demagogos, não só pela ignorância que cultiva com o desvelo que põe na horta caseira, mas, também, por ser congenitamente reaccionária.
A direita poderá sempre contar com ela e sabe disso, de contrário, teria mais cuidado nas suas manobras. Esta é uma vantagem que possui sobre a esquerda: uma massa bruta sempre disponível e de obediência canina.
Dito deste modo directo e desavergonhado, pode parecer uma rudeza, mas não é, é uma constatação do comportamento humano, especialmente desta franja que tem sido mantida genealogicamente em servidão. Esta fracção humana comporta-se pelas regras da domesticação e obedece ao toque da sineta pavloviana. É o que poderemos chamar de massa escura da humanidade, porque não emite o menor raio de luz.
Os partidos têm sido a desgraça do poder local por estarem na sua base e o utilizarem em seu proveito, dando-lhe em troca um quinhão de 50%, ou mais, na corrupção nacional, das maiores do mundo, logo a seguir à de alguns países africanos e latino-americanos. Negócio fabuloso e isento de impostos.
Com tão grande incentivo, o poder local meteu mãos à obra e transformou, em tempo recorde o território, já de si pouco fértil, numa manta de retalhos que nem serve para cobrir nem para deitar.
Efectivamente, as autarquias, servidas por gente de olho vivo, perceberam que o caos é a medida rainha, a mãe de todas as outras medidas. Munidos deste instrumento e atiradas ao trabalho, a sua acção desfigurou as cidades, desordenou o território, desumanizou a habitação, ignorou a lavoura, não estimulou a indústria, não dinamizou o comércio, não reconheceu a cultura, não apoiou um desporto de massas, não serviu todas as outras actividades humanas. Serviu-se.
O poder local, propriedade dos partidos, divorciou-se das populações e passou a cuidar, preferentemente, de interesses particulares e partidários. A corrupção que lhe é facultada expõe apenas a pequena ponta de um iceberg que nem daqui a quinhentos anos estará derretido, não obstante o aumento progressivo da temperatura média. Os partidos, com início no centro-direita, zona exclusiva do poder, perderam o contacto com as classes sociais a partir das classes médias para baixo, excepto para lhes cobrar as receitas do Estado.
Os partidos são um cancro que corrói as autarquias e as desfigura em monstros contra o povo e as suas necessidades de desenvolvimento. É claro que há algumas excepções com autarcas sérios e empenhados no seu trabalho. Sabemos disso, mas o seu número é insignificante e permanentemente boicotado pela maioria.
Como sair das garras dos partidos?
Não é fácil. Eles dominam tudo e para segurarem o domínio necessitam do poder local, tal como está, para terem as populações controladas e submetidas aos seus interesses. Nenhum partido teorizou e se empenhou na real democratização das autarquias, aproximando-as da vontade popular e da participação das populações nas decisões que lhes dizem respeito.
Nenhum.
Democracia no poder local é piripiri no rabo dos partidos. Todos eles deixam as autarquias à desgarrada, porque assim lhes convém. É impressionante como o ramo do poder que está mais perto da cabeça do povo não é legislado e moralizado no sentido da evolução democrática. As juntas de freguesia são capatazes locais das Câmaras, estas, por seu turno, são capatazes do poder central. Como este alterna sempre com os mesmos dois, a situação entra em circuito fechado. Os que ficam no exterior não mexem no stato quo. Parece que estão todos combinados.
A direita, como se sabe, é a desgraça da classe média e das que se lhe seguem em ordem decrescente. A sua política é antidemocrática por beneficiar uma minoria da população. A esquerda, como se vê ou ouve, discursa muito bem, impecavelmente bem, mas não age na direcção do discurso. A sua actuação é apenas literária, apostada em matéria para a edição de magníficos livros de oratória. No que toca à transformação social é tarefa deixada para as gerações futuras. Pobres crianças!
Um exemplo da inutilidade e perniciosidade dos partidos, a nível autárquico, é Freamunde. Um ano após as eleições não há junta. Imaginemos que em vez de três listas partidárias tinham concorrido três listas independentes. Como o único móbil destas listas seria Freamunde nos seus anseios e necessidades, não é estúpido presumir que o entendimento entre elas seria fácil e rápido. No fundo, seria uma negociação nos moldes propostos pela oposição de uma constituição proporcional aos votos de cada lista. Problema resolvido. Junta em acção.
Como foram três listas partidárias a concorrer, bastou uma delas querer o bolo todo para que o desentendimento surgisse sem remédio. Como consequência, Freamunde ficou sem junta democraticamente eleita. Após o restolho dos primeiros meses com os partidos a esgrimir razões, iniciou-se um pousio para descanso dos espadachins que, pelo que se vê, durará até ao fim do mandato. Freamunde, a cidade, a população que se lixem.
Na situação actual de Freamunde, todos os partidos têm culpas e responsabilidades. Aliás, os partidos, nenhum deles, assume as suas obrigações perante o eleitorado de contacto e informação permanentes. A população não sabe o que se passa. O PSD, partido dos usurários, continua fiel ao aforismo que preconiza que o silêncio é de ouro. O PS, partido dos mangas-de-alpaca, nem diz à direita, nem diz à esquerda, antes pelo contrário. A CDU, partido da mão-de-obra assalariada, em vias de total desemprego, dedica-se a dar tiros nos pés até ficar paralítica. É isto que existe, são estas as forças políticas que temos nas prateleiras de Freamunde.
Entretanto, porque as aparências iludem, não está descartada a hipótese deste manto de silêncio político ser um pacto secreto entre os três partidos para fazer de Freamunde um dormitório e tão só. É possível que a evolução de Freamunde seja no sentido do dormitório, tendência que já se vem sentindo há anos. Se o futuro é este por consenso partidário, o maior atractivo e riqueza de Freamunde será o silêncio, bem precioso que proporcionará noites placidamente dormidas, logo mais saúde e bem-estar.
Talvez estejamos a descobrir que andávamos enganados e haja entendimento entre os partidos em prol de Freamunde, do seu progresso, do seu futuro.
Um pacto de silêncio, o ovo de Colombo do desenvolvimento autárquico de Freamunde!
ORM / TP
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Freamunde Livre
HEEHEHEHEHE,
ResponderEliminarBoa pergunta!
Será por cobardia?
Será por ser mais fácil atacar os outros?
lol - curti mesmo a pergunta do anónimo!
LOL
Continuo sem perceber o papel da CDU?
ResponderEliminarAlguem me explica?
Não entendo?
Porque não há junta?
Não entendo?