Numa entrevista que concedeu à “Gazeta”, José Maria Taipa, com a função de guardar a chave da porta da sede da Junta de Freamunde e zelar para que nada falte até que a nova Junta tome à sua responsabilidade as instalações, revelou algumas coisas de assombro e outras de exorbitância de atribuições.
Em primeiro lugar, JMT não é presidente de Junta, por uma questão óbvia: se não está constituída a Junta, não pode ser presidente dela. A partir daqui só pode falar como cabeça de lista da lista mais votada, ou como guarda dos bens da Junta, que lhe estão confiados até que o novo presidente tome posse. Enquanto o novo presidente não tomar posse, deve limitar-se a deixar as coisas como estão, porque a sua autoridade não vai além da de simples vigilante do património autárquico. Sem Assembleia de Freguesia não há Junta, logo, não há presidente, desta sorte, como pode continuar “a realizar o seu trabalho com o mesmo empenho e esforço do ano anterior”, como declarou à “Gazeta”?
JMT ainda não percebeu que a seguir às eleições de Outubro não é presidente de Junta, e que a partir dessa data passou à categoria de funcionário público até à tomada de posse do novo presidente.
Não percebeu ainda esta condição, nem os amigos lhe chamaram a atenção para o facto, ou se percebeu anda a fazer batota fingindo de presidente para enganar os lorpas.
O Outono não é seguramente, a sua melhor estação. Da ilusão de presidente passa à situação concreta de cantoneiro e desafia “qualquer freamundense a revelar se qualquer buraco, sarjeta, tampa de saneamento, ou estrada deixaram de ser alvo de intervenção por parte da Junta devido a essa situação (presume-se, ausência de Junta). Acrescenta a este caudal de bondades o néctar mais puro da convivência humana, que ninguém suspeitava existir num coração PSD: “durante o seu mandato todos serão tratados da mesma forma independente da sua cor política ou posição social.” Se as lágrimas vos brotarem, irreprimíveis, olhos abaixo, deixai-as correr, a terra precisa delas para germinar bons frutos e belas e fragrantes flores.
Comoções à parte, qual mandato, se ainda está tudo por resolver?
Se o Outono é mau para os pensamentos de JMT, as restantes estações seguem-lhe a peugada. Em estilo de confissão quaresmal, a chamada desobriga, diz-nos “que sendo a maioria das grandes obras da autoria da Câmara Municipal, Freamunde continua neste momento com obras que irão remodelar a vida que se vive na freguesia”. Conclusão: a Junta não faz falta nenhuma, quem manda é a Câmara, quem faz é a Câmara, quem decide é a Câmara.
Finalmente percebemos porque uma Junta PSD é a ruína de Freamunde. Ajoelha diante da Câmara como escravo diante do seu senhor. Subserviência maior não há.
Agora percebemos porque a inexistência de Junta não é notada em Freamunde. As Juntas PSD nunca existiram como tal, existiram como extensão da polícia municipal.
Agora percebemos porque Freamunde não progride, porque está mais amarelo que Paços, e porque será anexado a Paços se a cegueira de alguns freamundenses lhes der mais uma ou duas juntas.
O PSD não é um partido freamundense, não sente Freamunde, não ama Freamunde. O PSD só tem olhos e coração para a Câmara. Paixão doentia que alimenta com perigoso fanatismo. Ai de quem ouse tocar na sua menina, o ciúme eriça-lhe os pelos e o rosnar atravessa-lhe os dentes, pontiagudos e visíveis no arreganho ameaçador.
JMT, na entrevista, não se expandiu apenas pela política, derivou um bocadinho ao lado, para a área dos negócios - em vias de junção definitiva com a política, um mérito de José Sócrates e da sua filosofia simplex – para oferecer a um hipotético traidor da CDU um lugar no executivo. Esta oferta, em linguagem descodificada, significa o seguinte: politicamente não mandas nada, és apenas 20% do executivo. O favor que nos fazes de permitir a constituição da Junta é compensado com uns trocados. Enquanto isso, a imagem da CDU vai-se desfazendo aos poucos e assim vamos ficando livres desses comunistas que nos chateiam e que queremos ver extintos na nossa terra.
Na hipótese improvável de tal acontecer, pois todos os elementos da lista da CDU são comunistas conscientes e firmes, quem a tal papel se prestasse não iria resistir ao ostracismo partidário e à sua própria consciência. A traição, uma vez cometida, jamais terá cura. Não há recuo nem regresso. A traição carrega-se até à morte.
A preocupação final de JMT incidiu sobre a repetição, em eleições intercalares, dos resultados de Outubro de 2009. Para sua tranquilidade, se tal acontecer, voltam-se a repetir as eleições sucessivamente até ao fim do mandato. Neste caso, a responsabilidade não é de nenhum partido, mas do Governo e da Assembleia da República. Ninguém se deve substituir à responsabilidade daqueles que já deviam ter resolvido este buraco da lei há dezenas de anos.
Os Governos e Assembleias da República de Portugal nem o Biafra os aceitaria. Mas, neste país de ignorantes e desleixados, serve tudo. Os resultados são o que se vê: uma economia “próspera”, medida de baixo para cima, e uma “legislação” futebolística, sempre às necessidades dos bandos de corruptos mais poderosos.
As eleições intercalares foram, desde o início da recusa do PSD em aceitar a proposta tripartida da oposição, a única saída para o embaraço da situação.
Continua válida.
Acresce agora que não faz sentido qualquer solução sem o PS na autarquia. É rigorosamente antidemocrática e imoral e transformaria a Assembleia de Freguesia num teatro de fantoches e a Junta num órgão de corrupção política. Ademais, a demissão colectiva do PS decorre de conversações informais com a CDU, nem por isso menos vinculativas que as conversações formais. A palavra oral vale o mesmo que a palavra escrita. O seu valor só é anulado por aldrabões e vigaristas, por gente de pocilga, ou como dizia o meu velho e falecido amigo Humberto, por gente de peido.
A dignidade da CDU passa, exclusivamente, pela sua demissão colectiva.
Só as eleições intercalares resolverão o problema. No caso de resultados semelhantes, José Maria Taipa deverá aceitar, democraticamente, a participação dos outros partidos na Junta. Há antecedentes, no passado, que mostram que a convivência é possível, a menos que JMT seja intratável como um fuhrer (líder supremo de Freamunde, por comparação de carácter com um alemão de má memória).
ORM / TP
Os elementos da lista da CDU que ganhem juizinho e viabilizam a junta, pois só tem a ganhar com isso.
ResponderEliminarE que fique claro que não se está a alear ao PSD, está isso sim a lutar por Freamunde e a trabalhar para que continue viva em Freamunde pois caso contrário a CDU morreu.
Como sou muito ignorante, pergunto o que é que os elementos da lista da CDU têm a ganhar com a viabilização da Junta ao PSD?
ResponderEliminarLutar por Freamunde ao lado do PSD só pode ser para rebentar com Freamunde mais rapidamente, e nesse caso morremos todos. Eu não quero morrer. Vou fugir daqui!
é o problema de muita gente ... fugir !!! até o cabeça de lista da CDU nas autarquicas anteriores fugiu ... não foi SR. renato !!!
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