11 dezembro, 2010

Feira dos Capões e Capoas






A grande novidade de este ano na célebre feira de 13 de Dezembro pertence à Confraria dos Capões e culmina um trabalho grandioso para dar maior projecção a uma feira que foi instituída para comprar e vender o que sobra a uns e falta a outros.

Parece que foi um rei, pelo que está escrito nuns papéis velhos, que mandou que a feira se instituísse e abrisse ao público uma vez por ano. Para o efeito, deslocou-se aqui um escrivão do reino, numa carroça de dois cavalos - que a Citroen iria copiar muitos anos mais tarde - ajuntou os cabecilhas do povo, subiu as escadas do cruzeiro para ficar mais alto que todos e falou das ordens de el-rei, que davam a Freamunde autorização régia para uma feira de comércio de tudo que tivesse préstimo de compra e venda, aos treze de Dezembro de cada ano até que Deus, Nosso Senhor, ordenasse o fim do mundo.

Mais mandou el-rei, que em primeiro lugar fossem vendidos os capões e só depois as outras coisas, que esta feira a eles é nomeada, por serem eles a sua mercadoria principal. Mais disse el-rei, que ficaria muito contente se lhe mandassem para o palácio real um terço de todas as aves saudáveis e com peso que desse para comer sem ficar com fome.

Os cabecilhas acharam muito bem, bateram palmas e a populaça seguiu-lhes no entusiasmo. Terminou a cerimónia com a entrega do alvará que concedia a Freamunde o privilégio da feira dos capões ao cabecilha mais importante, que logo o guardou no bolso de dentro do casaco. Nunca mais se soube onde ele o acautelou e nunca mais foi visto. Vale-nos a bênção divina de ninguém querer saber de nada neste país e isto ser uma balda, senão a feira dos capões já tinha sido fechada por falta de documentos que lhe dêem legalidade para se fazer. O único perigo que há são esses terroristas da ASAE, mas como pouca gente sabe onde fica Freamunde e no mapa não consta, vão ter muita dificuldade em chegar até aqui.

Ditas as coisas do seu passado, vejamos o seu presente, felizmente em boas e diligentes mãos que não caem em desânimo com a crise que escaqueira a vida de toda a gente. Em retiro de silêncio, para que as cabeças pensantes não interrompessem o raciocínio em esforço máximo, a Confraria dos Capões encontrou uma fórmula genial que, não só impede um abrandamento nos negócios da feira, como os vai duplicar. Isto é inacreditável antes de ser explicado. Num tempo em que tudo anda para trás a feira dos capões andar para a frente é fenómeno para divulgação televisiva e estudo de eruditos, que os há, embora ninguém os conheça.

Enquanto os mais fracos se entregavam ao desânimo e às lamentações inúteis, a Confraria dos Capões velava por Freamunde com uma energia de arrancar cabelos. E foi assim, a arrancar cabelos, que vieram as grandes ideias atrás, que ao serem transmitidas e absorvidas pelos agentes económicos que logo as começaram a aplicar geometricamente ao negócio da criação e comercialização dos animais de crista rapada que vão enriquecer Freamunde, a luz se acendeu ao fundo do túnel, antes escuro como breu.

Teixeira dos Santos que não pense vir a correr tributar este negócio que lhe equilibraria o Orçamento de Estado, sem antes ir à PT cobrar a massa à sacanagem. A inovação e o fôlego empreendedor devem estar isentos de impostos durante cinco anos como incentivo nacional ao esforço inventivo.  

A Confraria, na sua modéstia quase envergonhada, partiu da ideia simples de Colombo e que antes dele não ocorrera a ninguém. Fazer uma coisa fácil, mas que de tão fácil que é não lembra a ninguém e só o génio a descobre. Mais difícil que isto não há: a descoberta do óbvio, mas também não há barreiras que a Confraria do Capão não salte, assim acontecesse no hipismo.

Não há imagens que nos mostrem a Confraria a puxar as ideias para fora da cabeça, parto de extrema dificuldade, pois era a primeira vez que dava à luz, e a primeira vez custa sempre muito. Pensa-se, mas não há certezas, que foi um trabalho de entreajuda. Mal aparecia na cabeça de um uma coisinha pequenina, os outros iam logo com alicates e pinças puxar a coisinha, ajudá-la a sair. É quase certo, que a grande ideia final foi constituída com estas coisinhas pequeninas que iam saindo da cabeça de cada um e deitadas para uma bacia até juntar a quantidade suficiente para a sua formação. Desconhece-se o tempo que isto demorou, mas sabe-se que foi bastante mais que aquele que o Criador gastou a fazer o Céu e a Terra.

Concluída a ideia e limpa de impurezas, há que materializá-la para engrandecimento de Freamunde, transmiti-la aos promotores económicos, decompô-la em números, todos eles, no final, convertíveis em euros, a mais poderosa arma contra todas as crises, inclusive as crises conjugais e de falta de ar. Foi o que Confraria fez ao pôr criadores, capadores e a complicada logística comercial em marcha acelerada com a imprescindível e sempre prestável colaboração da Junta de Freguesia e Câmara Municipal, especialistas em marketing do capão às custas do povo.

Os primeiros resultados não se vão fazer esperar, irão aparecer este ano e, segundo os cálculos estatísticos dos alunos do primeiro ciclo, irão estar em crescendo durante os próximos quinze a vinte anos. Depois irão parar, porque tanto progresso não caberá nos limites de Freamunde e poderá estoirar com as fronteiras o que poderia provocar conflitos, sobretudo na fronteira com Paços de Ferreira, e a gente sabe como eles são chatos de aturar nestas coisas.

Qual é, então, o milagre que vai transformar uma terra miserável numa terra opulenta?

A genial ideia da Confraria dos Capões consiste, nada mais, nada menos, em fazer a uma franga o mesmo que se faz a um frango: capá-la. Sabe-se, desde a antiguidade que a capadura faz os galináceos duplicarem de peso e ficarem com a carne mais gostosinha. A carne da capoa, já experimentalmente provada pelo chefe Silva, a maior sumidade mundial na prova de capão e agora também de capoa, segundo ele, possui um leve sabor a frutos secos de cor amarelada em ligação subtil com o aroma do milho transgénico. Liberta muitas feromonas para um lado e para o outro, o que faz dela um excelente afrodisíaco. Explica porquê: “A receita que compus para a capoa, no recheio leva “guizos” da capadura do frango, que emitem feromonas masculinas para as mulheres. À capoa apenas foram extraídos os ováros e estes não têm ligação com o emissor de feromonas, junto à cloaca, este emite feromonas femininas para os homens. Estou convencido, pela experiência que tenho dos parolos deste mundo, que a capoa vai ser um sucesso maior que os bolinhos de bacalhau à alentejana que inventei para o meu restaurante.” Fim de citação.

Há sempre quem deixe escapar um segredo que, no caso presente, valoriza mais a Confraria dos Capões. A intenção inicial da Confraria era a de poupar as bichinhas ao sofrimento da falta de galos que lhes saltassem para cima, pela devastação de machos por capadura. Os que ficavam para a semente não aguentavam tanto trabalho. Capar as bichas reduzia-lhes a tortura de uma espera nunca atendida e reduzia os casos de assédio sexual sobre os galos que, para cumprirem com as horas extraordinárias a que eram obrigados, revigoravam-se com Viagra e  Pau de Cabinda. É no seio deste intenção benemérita que um membro da Confraria, inspirado pela Santa Luzia, que há muito tempo temia pelo sucesso da feira, exclama para os seus confrades:
- E se promovêssemos a capoa em igualdade com o capão?
- Bravo! Apoiado! Temos a protecção da Santa Luzia e do seu amigo Santo Antínio! Milagre! Milagre! – Gritaram histéricos os outros confrades.

Com um entusiasmo superior ao do presidente da Junta JMT pela Junta de Freamunde, que a raptou só para si, tal o amor que sente pela dita, os irmãos confrades, com a morada aberta para o influxo santo, telefonaram a pedir provisão de bens alimentares e papel higiénico para limpar a descarrega dos bens alimentares depois de digeridos e subtraídos das respectivas vitaminas, proteínas, minerais e outras coisas que o organismo humano gosta de ter na sua posse para bem da saúde e felicidade do corpo. O segundo telefonema foi para as respectivas famílias a avisar que iam ficar em retiro por tempo indeterminado para salvação de Freamunde. O terceiro telefonema foi para os Bombeiros a pôr de prevenção um piquete para qualquer eventualidade, constatado que o trabalho mental sem treino anterior pode desnortear os neurónios e a pessoa ficar sem saber onde pára a sua cabeça. Feitos os telefonemas, sentaram-se todos a uma mesa, com os cotovelos apoiados nela, a mão direita encostada à respectiva face e a esquerda fazendo o mesmo. A pose dos pensadores profundos e integrais. Assim ficaram muito tempo até começarem a andar em volta uns dos outros a puxar pelos bocadinhos de ideia que cada um ia dando à luz, como atrás se disse. Não dormiram até que o último bocado saísse da última cabeça. Pelo método da galinha, que enche o papo grão a grão, os confrades encheram a bacia e formaram uma ideia de progresso para Freamunde que entregaram à comunidade.

Esta ideia genial, com uma percentagem de 99% de esforço e 1% de génio – só o Einstein conseguiu a proporção de 90% de trabalho, 10% de génio – dá a Freamunde grandes certezas de desenvolvimento para o sector galináceo, que se irá constituir no reboque de todos os outros sectores. 

Para já, as vendas vão duplicar na feira. Quem comprar um capão não resiste a comprar uma capoa. Dos “guizos” arrancados aos frangos na capadura, uma parte vai ser vendida para recheio da capoa, a outra parte vai para o fabrico de paté, muito bom para quem não tem “tomates”. Mais um produto a aumentar as receitas e que até agora era deitado ao lixo.

A Junta e a Câmara, detentoras exclusivas do marketing do capão, com o seu jantar de promoção do produto chegaram a causar sérios problemas à feira ao esgotarem os capões quase todos, e mesmo assim ainda tinham que lhe misturar frango de aviário para que muitos convivas não ficassem à fome. Agora, com esta ideia fantástica da Confraria, estão mais à vontade e até podem convidar mais comedores à gola.

Tudo isto que aconteceu, por milagre ou por génio, vai ser muito bom para Freamunde e até já remediamos sem a Junta. O presidente que a leve para casa e a encaixilhe e a ponha à cabeceira da sua cama. Depois que fique lá na cama de guarda ao caixilho.

Pelos impagáveis serviços prestados a Freamunde pela Confraria dos Capões, deverá ser feita notícia para a Presidência da República, talvez Cavaco Silva lhe queira reconhecer o mérito a 10 de Junho. Também deverá ser feita notícia para o Governo, para que este comunique aos mercados a onda de desenvolvimento económico que vem aí, a ver se esses filhos da puta abrandam nos juros da dívida.

Por ultimo, a paróquia de Freamunde deverá conceder à Confraria dos Capões o privilégio de participação em todas as procissões que saiam à rua, depois de ungidos todos os seus membros com óleo de fígado de bacalhau.

O povo tem direito a encher os olhos com os geniais e beneméritos membros desta Confraria.

Freamunde Livre



5 comentários:

  1. É incrivel o quao mal se fala de Freamunde neste miseravel blog!

    Faço umas perguntas aos senhores administradores disto:

    - Vocês gostam de Freamunde realmente?!

    -Será que existe alguma coisa na nossa terra que voces apreciem?

    Nunca aqui li nada que realmente elogia-se o nosso povo, são aqui existem criricas destrutivas, nada é bom em Freamunde para vocês pessoas supra inteligentes e com uma sabedoria acima da média.

    Oh pá, se não gostam da vossa terra (duvido muito que sejam de cá realmente) ponham-se andar, vão viver parA localidade onde a vossa mentalidade pequenina exista, porque assim vão conseguir impôr mais facilmente a tacanhez que se expande cada vez mais no vosso cerebro!


    Sim, lá nessa terrinha miseravel que talvez exista, e que voces querem a todo o custo tornar Freamunde gemea dela, deve ser muito mais facil impor essas tristes ideia, porque aqui nota-se que nao estao a conseguir. Este blog passa ao lado de todos os freamundenses, pouquissimas visitas, raros comentários....em suma fraquissima aderencia!!


    Vão mas é trabalhar!!

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  2. Novo blog de Freamunde e do Mundo

    www.acontecimentosmundanos.blogspot.com

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  3. Este tipo de discurso, aliás o Sr. Renato tem grande capacidades para a escrita e isso é inegavel, é um discuro de um derrotista que durante toda a vida nunca fez nada por Freamunde, a não ser pintar CDU nas chapas da antiga praça, mas é natural que uma pessoa que não está de bem consigo não consiga estar de bem com os outros ... paciencia

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  4. Dou-lhe os parabens pelo discurso, escreve muito bem, falar é que já nem tanto.
    O Sr. renato é um doente mental, e quem lhe der ouvidos nao vai longe. Vá dar umas voltinhas na sua bicicleta para arejar as ideias. mentalidade retrogada

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    1. rui.machuqueiro@hotmail.comoutubro 15, 2013

      O que eu queria saber era quem na vossa terra comercializa os tais capões porque so a historia e importante mas não chega penso que para ser importante tinha que ter essa informação

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