Fim do impasse na Junta de Freamunde

A lista de candidatos da CDU à autarquia de Freamunde, constituída por treze candidatos efectivos e cinco suplentes, repudiou com dezasseis assinaturas de renúncia ao mandato, contra duas recusas de assinatura, a viabilização de uma Junta de maioria PSD.

Nesta circunstância, a vontade da maioria (89%) foi anulada por uma minoria (11%). As duas recusas de renúncia ao mandato dão quórum à assembleia de freguesia para eleger os vogais da Junta. Contudo, em face das pressões exercidas pela CDU por um lado, e pelo PSD pelo outro, o número de traições à Lista de Candidatos é mínimo e constitui uma pesada derrota para a CDU-Porto e PSD-Freamunde, A CDU saiu derrotada por traição ideológica; o PSD-Freamunde pelo papel sabujo e corruptor de aliciamento de elementos da Lista de Candidatos da CDU para lhe viabilizarem a Junta. Um vergonhoso atentado à dignidade das pessoas e à democracia.

A constituição da Junta de Freamunde, nestas condições, vai ser a maior monstruosidade antidemocrática alguma vista nesta freguesia.

A natureza deste impasse obrigava à realização de eleições intercalares, colocando à vontade popular o seu resultado final. Nestas situações, os eleitores são os únicos juízes com plena autoridade moral e política para julgarem o diferendo partidário relativo à constituição da Junta. Os arranjos espúrios contranatura como os do aparelho do PCP com o PSD, forçando nuns casos e aliciando noutros, elementos da lista da CDU a votarem a constituição da Junta PSD são machadadas na democracia, nos sentimentos das pessoas e na sua cidadania. Isto não é política, isto é corrupção e aviltamento da dignidade humana.

Os candidatos favoráveis às eleições intercalares são: Teodoro Costa (Faria), Filipe Pinto, Lizarda Viana, Pedro Martins, António Leal, Susana Sousa, Manassés Ribeiro, Pedro Gomes, José Ribeiro, Andrea Pereira, António Taipa, Lúcio Rego, Carla Cardoso, José Santos, Luís Santos, Idalino Nunes.

Os candidatos, neste caso, candidatas favoráveis à aliança CDU-PSD são: Maria do Carmo Bessa Correia e Judite da Conceição Sousa Gomes.

Na intenção de abreviar a solução da Junta, a Lista de Candidatos - não a CDU - entregou à Assembleia de Freguesia as renúncias dos candidatos que precedem a candidata Maria do Carmo Bessa Correia, que se prontifica, com grande firmeza e convicção, a viabilizar a Junta ao PSD e a assumir o ónus social e político de tal acto.

José Maria Taipa já pode convocar uma assembleia de freguesia para eleição dos membros da Junta, pois o quórum necessário e favorável à sua consecução e aos seus interesses já existe. Mas, para facilitar ainda mais a vida a José Maria Taipa, as renúncias dos candidatos a seguir a Maria do Carmo Bessa Correia até Judite da Conceição Sousa Gomes foram também entregues, isto para o caso de José Maria Taipa pretender oferecer, como paga, um lugar no executivo a Maria do Carmo Correia e, como consequência, ser necessário chamar outro elemento da lista para preencher a vagatura na Assembleia de Freguesia. 

É uma exigência democrática para esclarecimento da população em geral e do eleitorado comunista em particular, que Maria do Carmo Bessa Correia diga se assume este papel a título pessoal, ou em representação da CDU do Porto, porque, uma vez que desprezou a vontade maioritária da lista de que faz parte e estando esta lista em divergência com os burocratas do PCP e seus serviçais no concelho, os freamundenses necessitam saber que interesses vai defender na assembleia: os seus interesses particulares, ou os interesses comuns e fenomenais da CDU Porto/PSD Freamunde. Em ambos os casos, estão ausentes os interesses de Freamunde, porque os interesses de uma terra só o seu povo os determina e defende, não são a Maria do Carmo Correia e a coligação CDU Porto/PSD Freamunde que possuem a procuração que lhes permite decidir em nome de toda uma cidade. 

O cozinhado que se está a preparar, antes de aquecer já começa a cheirar a esturro.

Estando, agora, o PSD de posse de toda a matéria-prima necessária para a produção da sua Junta, ficamos a aguardar o seu fabrico.

Sobre o produto final não existem expectativas de inovação: é mais do mesmo. No entrementes, vamos ter uma Junta constituída na base de uma dupla traição: uma à Lista de Candidatos da CDU, outra pela CDU ao seu ideário. É o paradoxo da passagem de uma certidão de nascimento a um defunto que já cheira a podre há muitos anos (Junta de Freamunde PSD).

Ao ser constituída uma Junta pelas condições actuais, vejamos os seus alicerces, as bases onde assenta a sua acção política e eleitorado que, como os blocos de granito, lhe aguenta o peso e as más acções sem gemer.

Como já foi referido às uns segundos atrás, a lista de candidatos da CDU, menos dois elementos, entregou a sua renúncia ao mandato na Assembleia de Freguesia. Neste caso específico de Freamunde, a regra democrática que dá prevalência às maiorias não actua e as eleições intercalares não são desencadeadas. É necessária a renúncia da totalidade dos membros da lista, porque basta um elemento para dar quórum à assembleia.

Constatamos assim, que a primeira condição para a constituição da Junta é a infidelidade de dois elementos da lista da CDU. O PSD, ao aproveitar esta infidelidade, confessa que os meios justificam os fins. Exacerbando um pouco esta condição, se fossem cometidos dois assassinatos para possibilitar a constituição da Junta PSD, o PSD aceitaria de bom grado e não se pense que isto é exacerbação de maior.

Constituída a Junta, a Assembleia de Freguesia, que é o mais importante órgão autárquico, ferozmente subalternizado pela direita nos mandatos anteriores, irá funcionar com metade mais um dos seus membros em resultado da demissão colectiva do PS, feita por a lista da CDU lhe haver garantido igual procedimento, o que torna ainda mais grave a traição das duas senhoras referidas anteriormente. 

Na prática, a maioria do eleitorado freamundense ficará arredado de representação no seu órgão autárquico deliberativo, dado que a Maria do Carmo Correia não representa a CDU por se ter aliado ao PSD e traído a sua Lista de Candidatos. O PSD não se importará com tal ausência, até a valorizará como uma sorte grande, pois o ex-membro da CDU actuará objectiva e praticamente como membro do PSD, ou não faria sentido viabilizar-lhe a Junta. Deste modo, o PSD conquista mais uma maioria absoluta!

Ao ser constituída Junta nestas condições, os conceitos políticos do PSD ficam claramente desmascarados. Fica provado que o PSD assenta o seu poder sobre qualquer condição social e política, não lhe importando as pessoas e os princípios, a democracia, a civilização, o progresso, o futuro, o bem-estar dos freamundenses, a construção de uma cidade por todos e para todos. Importa-se, principal e exclusivamente consigo próprio, o que não é novidade nenhuma para quem conserva o juízo e vê alguns metros à frente do nariz.

Relativamente à CDU-Porto, necessita de internamento urgente num hospício. Quem trai os seus princípios ideológicos, elaborados em cima do sacrifício de vidas inteiras, não está bem do tino. Toda esta tenda armada em Freamunde é obra sua. Seria bom que os paramédicos não demorassem com o colete-de-forças.

ORM /TP