25 dezembro, 2010

Natal?






Enquanto vigorar no nosso país um sistema económico e político que enriquece uns poucos e esfomeia milhões, não haverá Natal para todos.

Enquanto Portugal tiver à frente do Estado políticos como Cavaco Silva e José Sócrates, só haverá Natal para os ricos.

Enquanto o Povo português for manso como rebanho de ovelhas, os lobos continuarão meter os dentes na sua carne.

A imagem de Natal, inventada ao longo de longos anos, é uma imagem de tréguas, uma imagem de paz, uma imagem de confraternização. Nas últimas décadas, recebeu retoques de mercantilismo e hoje é a imagem de uma época de grandes negócios. O Natal é 90% de hipermercados para os afortunados que ainda têm umas migalhas de euros nos bolsos.

Para os milhões de desempregados, de precários e reformados o Natal é uma ficção que o desejo de viver e ser feliz transforma em realidade por meio da imaginação. É Natal a fingir.

Para aqueles que vivem na rua, maltratados como os animais domésticos, a caridade dá-lhes um prato de comida. Com a dádiva sossega a consciência pela injúria e humilhação da esmola a seres humanos que a sociedade injusta transformou em sucata viva.  

A hipocrisia é dos produtos mais trocados na época natalícia. São as mensagens, são os cartões, são os presentes de Natal, são os abraços e beijinhos, todo o ritual próprio da ocasião. Da imensidão das trocas só uma pequena parte corresponde à verdade dos sentimentos e das intenções. O resto é tudo mentira à semelhança de quase toda a vida social. Numa sociedade de grandes dependências não existe verdade, existem interesses.

O Presidente da República manteve um silêncio distraído perante a golpada dos gigantones económicos com a antecipação da distribuição dos dividendos e consequente fuga a uns milhões em impostos, mas para penalizar os trabalhadores com cortes salariais, até a constituição da República invocou. Aliás, quer como primeiro-ministro quer como presidente da República, Cavaco Silva é de uma coerência espantosa no ataque aos salários dos trabalhadores e na defesa dos lucros dos capitalistas.

0 Primeiro-Ministro, José Sócrates, sendo de um partido hipoteticamente de esquerda, na porfia com Cavaco Silva, esquece as bases do seu partido e com o treino adquirido no mediático jogging ultrapassa-o com uma perna às costas. É reparar como os impostos aumentam para as classes mais baixas e por contrapartida diminuem nas classes altas. É reparar como as empresas fecham e o desemprego aumenta. É reparar como os direitos sociais são rasgados e lançados no cesto dos papéis inúteis. É reparar numa política de contracção económica delirantemente agravada com a ferocidade do fisco que saca o último cêntimo do último desgraçado deste país. Isto não é Governo, isto é um bando de salteadores sem escrúpulos a merecer do povo uns murros na fuça. Se eles praticam sobre as pessoas a pior das violências, porque não fodê-los?

Para estes dois, um Natal com sabor a merda.

À fava o pacifismo cobarde. O povo é cada vez mais explorado e reduzido à condição de animal de trabalho. Os excedentes, que já são muitas centenas de milhares, ficam por aí a treinar e praticar delinquência. Dentro de algum tempo a fome é tanta que andaremos todos no gamanço. Se a economia - e a economia são as actividades económicas - está em recessão, como garantir a subsistência do povo?

Por tudo isto e pelo muito mais que as pessoais sabem o Natal não é para todos. Se quisermos que o Natal do próximo ano, que o deste ano já não tem conserto, seja extensivo a todos os portugueses, temos de expulsar do Poder e dos partidos a súcia de malandros que nos desgraça. Com essa gatunagem a mandar até o feriado nos vão tirar.

Por um Natal para toda a gente, abaixo a ladroagem política!


Para os milhares de portugueses que não têm Natal, vai toda a nossa solidariedade.

Para os leitores deste blogue, se é que alguém passa por aqui, oferecemos estas garrafas, uma de vinho do porto para o Natal e uma de champanhe para o Ano Novo. Atenção que é só uma de cada por visitante. Se precisarem de mais comprem.

Façam por passar um bom Natal, para tanto basta imaginarem-se noutro país. Como vêem é fácil.

Freamunde Livre

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